7 de abr. de 2010

Sobre meninos bonzinhos, piranhas e Taylor Swift

Era uma vez o Pedro, 20 anos, Ana Carolina, 19, e Luiz Augusto, 21. Ela é uma daquelas garotas que você pode dizer que casaria com ela. Não porque ela tenha atributos, não porque ela seja inteligente, não porque ela é do tipo que cuida de você quando tá doente, mas porque ela é gostosa. Ana Carolina era muito gostosa. Qualquer um que passava perto dela sabia dizer isso. Seu vizinho sabia disso. Ela sabia disso. Era preciso dizer: todos sabiam disso.

Não era um triângulo amoroso, não é mais uma história Dona Flor e seus dois maridos. Essa é apenas uma daquelas histórias que você poderia trocar o nome do protagonista pelo seu em algum determinado momento da sua vida porque quase todos passaram por isso. Essa é uma daquelas histórias que apenas um dos dois ficam com a mocinha no final.

Eles estudam na mesma faculdade há 6 meses. Desde o primeiro dia de aula ele a olhou e se apaixonou. Passou 2 meses encontrando coragem para chegar nela. Nesses 2 meses limitou-se a jogar vídeo-game, assistir alguns filmes, tocar na sua bandinha de rua e abrir um tópico em anônimo no Orkut pedindo dicas de como chegar na princesa. Criou tanta expectativa e narrou para si mesmo tantas vezes como seria a abordagem que virou um roteiro que sabia de cor. Não teria como errar, não teria como se enganar. Uma amiga disse "Você é divertido, gente boa, porque ela não ia querer você?" e você acreditou, porque você era mesmo. Embora Ana fosse caminhãozinho demais para você.

- Não
- Não?
- Sinto muito
- Sente?
- Na verdade, não?
- Hum...

E você vira a página daquele roteiro decorado e não encontra uma ação que corresponda a resposta que ela te deu. Nada parece fazer sentido. Então você a vê beijando aquele Luiz Augusto que usa gel, ouve Taylor Swift e tem uma Tukson estacionada na garagem. Nervoso, você volta para a sua casa e finaliza o tópico dizendo que ela é mais uma daquelas piranhas que só queriam ficar com caras que tem carro.

Porque a vida é assim.

Não, cara, não é.

A vida é mais que isso.

Ás vezes ela até poderia gostar de você. Se ela te conhecesse, claro. Se ela entrasse na sua vida. Se tudo que vocês não trocassem fossem apenas palavras de educação porque estudam na mesma universidade. Se ao menos uma vez ela precisasse de alguém e pensasse em ligar para você. Se ela te ligasse apenas para falar de um filme. Mas como ela saberia? Ela nunca te conheceu. Você nunca permitiu. Você a colocou num pedestal TÃO IMENSO que nem você conseguiu alcançar. E ela ficou lá, perdida, sem te conhecer, sem ao menos saber como você era de verdade e provocando uma raiva tão grande em você sem nunca ter feito nada para merecer isso.

Não importa o quanto você se importa com alguém, se você se importa de verdade, não deseja o mal, mesmo que ela não queira nada com você. Porque você entende, no fundo, que nem todas pessoas no mundo vão querer você, assim como você não vai querer todos aqueles que te desejarem ao longo da vida. E quanto mais cedo você souber disso, mais fácil fica superar e move on.

A vida não é se apaixonar por uma menina que você nunca viu na vida só porque é gostosa. A vida não é confundir tesão com paixão e por a culpa na pessoa depois. A vida não é "só fiquei com aquele cara porque ele tinha carro e você não". Ás vezes a vida é mais que isso. Ás vezes, só algumas vezes, você se precipitou e estragou algo que poderia até ser legal. Ás vezes um homem bonzinho é só um homem fútil que se apaixonou pelo primeiro corpinho bonito que viu e agora quer obrigar a outra pessoa a sentir o mesmo por ele usando como desculpa, como muleta um sentimento que era para ser bonito e acaba se tornando medíocre.

Definitivamente, a vida não é xingar de piranha alguém que você se importou um dia.

9 comentários:

Petit disse...

para de fazer feira na minha cabeça pfv

Gabriela Spinola disse...

E se invertesse? E se a Ana Carolina tivesse, de fato, uma amizade com o Pedro, mas fosse ao contrário - se ele fosse quem a rejeitasse por motivos simplórios e estúpidos como gostar de uma amiga dela ou como ela não ser "boa o suficiente" para ele? Bom, disso eu entendo.

Gostei do texto, anyway.

Má B. disse...

Bom, é só uma história, claro, mas acho que tudo dá para "explorar".

Olha só... "motivos simplórios e estúpidos" é o tipo de conceito que depende unicamente do ponto de vista da pessoa.

EUUUUU (eu) não considero simplório o fato do cara gostar da amiga por exemplo. Pq, né, se eu gosto de um cara é bem óbvio q ñ vou querer envolver cm amigo dele.

Quanto a não ser "boa o suficiente" não acredito mt nisso. A gente, por medo de rejeição, ou egocentrismo , vaidade, etc, temos essa mania de classificar assim 'tal pessoa ñ me quis pq eu ñ era boa o suficiente para ela'.

Tipo, OK, ATÉ É. Mas pq cada pessoa valoriza uma coisa diferente. Ás vezes foi a abordagem, ás vezes foi a época, ou ás vezes simplesmente não despertamos nada nos outros.

Aí não tem o que fazer, nessas horas, a não ser esperar que encontremos alguém que desperte algo na gente e vice-versa.

Tem gente demais no mundo, não temos que ficar sofrendo por causa de uma pessoa só. É como eu encaro =)

Gabriela Spinola disse...

Ixi, menine, mas os "não ser boa o suficiente" nem foram minhas palavras, foram palavras dele. =X #tenso

Longa história, depois te twitto sobre isso. =D

Anônimo disse...

Tenso. Uma vez eu me chamei de piranha no espelho. Tenso.

(nossa, essa cena foi doentia! Juro que não fiz isso de verdade)

outsider disse...

Você escreve bem moça, gostei, de verdade =]

Rodrigo Oliveira disse...

500 dias com ela.

Rodrigo "Dijinn" Anastacio ("Gordão") disse...

O.O Genial o texto. Quanta gente naum conhecemos q agem dessa forma, naum eh mesmo?

elias.alberto disse...

...mas que ela era uma piranha, ah, isso ela era mesmo.