13 de out. de 2009

Feliz aniversário

Interior. Cidade de 15 mil habitantes. 10 anos de idade.

Tinha um aniversário para ir e minha mãe me deu MUITO DINHEIRO (o que, naquela época, equivalia a uns 20 reais) para comprar presente para meu amiguinho. Como toda cidade do interior com poucos habitantes, todo o centro comercial concentrava em apenas uma rua. No caso, concentrava em uma única loja: a papelaria da cidade. Com sorte, você encontrava um brinquedo aqui ou ali para dar de presente.
Sentindo-me vitoriosa por fazer as compras sozinha, no auge da minha independência (mamãe trabalhando), fui até a loja com o intuito de sair de lá com o melhor presente...

.. acontece que eu não contava com o espírito materialista enraizado nas criancinhas com o advento das propag.. ok, ok, eu era a pura constatação óbvia da sociedade capitalista: uma criança corrompida pelo sistema, buscando abrigo em materiais tentando substituir um amor talvez que, ok, ok, eu vou parar de dar desculpas. A verdade é que eu vacilei, sabe.

Eu vacilei porque eu vi um urso de pelúcia maravilhoso que eu ainda não tinha e estava disposta a tê-lo a todo custo, desde aquele momento em que o vi. Sejamos francos, não foi assim tão rápido que eu me desvencilhei da idéia de comprar um presente. Eu tinha REALMENTE pensado nos primeiros dois minutos que entrei na loja em comprar algo legal para o meu amigo.
Ele custava 17 reais. Eu tinha apenas 20 reais e o bichinho me custaria 17 míseros reais. Era uma situação muito delicada. Mas eu tirei de letra porque não demorei muito não , sabe. Refleti durante uns 2 segundos se devia ou não ceder a tentação. E,então,num gesto totalmente impulsivo, resolvo comprar o cacau (sim, porque ele já tinha nome).
Acontece que era a única loja e eu só tinha 3 reais então e eu ainda tinha o aniversário para ir . Não que eu pudesse faltar, sabe. Numa cidade daquelas dificilmente tínhamos algo para comemorar, de modo que cada festinha, mesmo que pequena, era um grande motivo para nossa diversão.
Mas era uma situação delicada. Eu só tinha 3 reais e um urso embrulhado dentro da minha bolsa. Mas eu não dei por vencida não, me dispus a continuar procurando o presente ideal e passei bem uma meia hora por ali, até encontrar.

Encontrei. 19h00. Festa animada, cheia de presente. Todos os coleguinhas e grande parte de seus pais em volta da mesa de presente, onde depositávamos os nossos. Meu pacote, simples, entrego. Ele abre entusiasmado, mas o sorriso logo sai do lugar: isso tudo porque no auge da minha inocência, achei que seria interessante dar de presente para meu amigo uma tesoura verde de plástico. (com a desculpa de que era a coisa mais legal da loja por 3 reais). Esse presente desencadeou muitas risadas e alguns beliscões da minha mãe.

Adriano, se você tiver por ai, me desculpa, tá? ;)

8 comentários:

Augusto Molkov disse...

Eu teria usado-a para cortar uma grande mecha do seu cabelo com a desculpa que queria guarda-la pra sempre.

E claro, se fosse sua mãe, tinha posto fogo no Cacau. *-*

Má B. disse...

Q maldade, não se põe fogo num filhinho.

Tatiane Trajano disse...

Hhaahahahahahaha..
Nossa!

Uma tesoura?

*estou tentando imaginar a cara do seu amigo ao ver a tesoura..
hahaha

Beijo-beijo
rs

gabi disse...

meu deus!
você foi uma criança inocentemente perversa!

sam lovett disse...

Não riam, pq essa malandra, ñ se satisfazendo com uma só maldade. repetiu o feito da tesoura maldita. Mas pelo menos a minha é vermelha.

Maquina de Seduzir disse...

essa tesoura
foi de cortar o coração

Reginacelia disse...

Eu nunca tive uma tesoura verde... também nunca quis ter uma!

Unknown disse...

faltou visão, dar uma arma pra uma criança que não ia gostar do presente? auaeuaauehaeuaeue

boa