Há algum tempo não me lembro mais o que é sentar para escrever. Antigamente eu gostava de pensar que as palavras só me chegavam nos momentos depressivos ou quando eu estava passando por algum problema mais sério. Escrever era fugir de mim mesma, da realidade, daquele momento da calada da noite em que você se deita na cama e a realidade se enrola no seu corpo, e você não consegue mais dormir, porque aquela pedra de gelo insiste em continuar passando por todo o seu corpo (ok, não era pra soar pornô)e você nada faz para se aquecer. Sim, eram as palavras que me aqueciam.
Era o sentar na cadeira e deixar a mente fluir que me curava de toda aquela dor. É verdade, maior parte do tempo vomitava fantasias e histórias que nada tinham a ver com a minha vida. E de tanto nada ter é que tudo tinham. Porque faz parte de mim também o fantasiar e passear por diversos estilos de vida e de pensamento, e brincar de ser uma pessoa a cada dia.
E o que eu logo percebi é que durante esse tempo em que não escrevi, a realidade continuou me engolindo dia após dia. Eu só mudava de esconderijos. Ou através de World of Warcraft, ou através de milhõs de seriados, palco de minha fixação ininterrupta, apenas para não viver mais minha vida. Apenas para me impedir que continuasse brincando de viver.
Não é que eu não goste da minha vida, não. É só que isso é algo que eu não posso negar, que eu não posso deixar de fazer 24 horas todos os dias. Portanto, os outros minutos, os que eu sentava na cadeira para escrever, era só minha maneira de passar por ela sem morrer de tristeza ou de raiva, e ás vezes, confesso, tédio.
Perdi tanto tempo me buscando em outras personagens, outras histórias, vidas que não me pertenciam, que muitas vezes esqueci quem era eu. Esquecia ás vezes até das minhas ideologias, das minhas angústias e dos meus pensamentos. E assim como ás vezes é preciso perder para ganhar, foi preciso que eu parasse de escrever para perceber o quão feliz isso me faz. Quão prazerosa é a arte de buscar vida onde não tem vida, e esperança onde não há mais esperança. E de quebra, arrancar uns risos aqui, uns risos ali, e me encontrar de novo, agora não mais fora de mim, mas no meu próprio corpo.
É, eu to de volta. Agora pra valer.
Era o sentar na cadeira e deixar a mente fluir que me curava de toda aquela dor. É verdade, maior parte do tempo vomitava fantasias e histórias que nada tinham a ver com a minha vida. E de tanto nada ter é que tudo tinham. Porque faz parte de mim também o fantasiar e passear por diversos estilos de vida e de pensamento, e brincar de ser uma pessoa a cada dia.
E o que eu logo percebi é que durante esse tempo em que não escrevi, a realidade continuou me engolindo dia após dia. Eu só mudava de esconderijos. Ou através de World of Warcraft, ou através de milhõs de seriados, palco de minha fixação ininterrupta, apenas para não viver mais minha vida. Apenas para me impedir que continuasse brincando de viver.
Não é que eu não goste da minha vida, não. É só que isso é algo que eu não posso negar, que eu não posso deixar de fazer 24 horas todos os dias. Portanto, os outros minutos, os que eu sentava na cadeira para escrever, era só minha maneira de passar por ela sem morrer de tristeza ou de raiva, e ás vezes, confesso, tédio.
Perdi tanto tempo me buscando em outras personagens, outras histórias, vidas que não me pertenciam, que muitas vezes esqueci quem era eu. Esquecia ás vezes até das minhas ideologias, das minhas angústias e dos meus pensamentos. E assim como ás vezes é preciso perder para ganhar, foi preciso que eu parasse de escrever para perceber o quão feliz isso me faz. Quão prazerosa é a arte de buscar vida onde não tem vida, e esperança onde não há mais esperança. E de quebra, arrancar uns risos aqui, uns risos ali, e me encontrar de novo, agora não mais fora de mim, mas no meu próprio corpo.
É, eu to de volta. Agora pra valer.
5 comentários:
Esse título é a frase da música da Adriana Calcanhotto.
Nem deve ter sido intencional tal analogia , mas lembro dos versos...
''eu perco as chaves de casa (...) eu estou ao meio''
Ta, falei um monte de abobrinhas e no final nada que tivesse a ver com o texto do seu post.
A realidade é que todos nós, estejamos no Sergipe ou em Paris , alguma hora da vida , por maior distância cultural/étnica , experimentais e etc que o ser humano tenha, ele procura novas emoções justamente pra sair do estado de inércia. Não especificamente inércia com alguma coisa relevante, mas principalmente pra viver novas coisas e descobrir algumas outras sem que ao menos espere. Já dizia Caetano Veloso, ''de perto ninguém é normal'', só eu ;D.
bjos
É, tem horas que você vê que o tempo tá passando, e se pergunta onde você esteve todo esse tempo. As horas em que você se encontra de novo são as mais fantásticas. Que bom que você está de volta, Nina.
Hum, quando li o primeiro parágrafo, parecia eu escrevendo. :)
"porque aquela pedra de gelo insiste em continuar passando por todo o seu corpo"
Não para, realidade! Não PARA!
Atoron.
Basicamente é assim, óh: a gente passa a vida inteira tentando encontrar-se consigo mesmo, com as pessoas e com o mundo.
Obs: no seu caso,sempre achei que inventar outras vidas seria um ofício, não escapismo. ;)
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