[~ trechos do livro Os anseios de uma alma feminina ~]
Já faz um tempo desde que eu desisti de você.
No começo a gente costumava se encontrar mais vezes, embora você tenha sido bem ausente na minha adolescência. Eu chamava por você mas de alguma forma você virava o rosto e seguia com seus planos como se não tivéssemos algum combinado ou mesmo sido apresentadas antes. A primeira vez que me apaixonei você estava lá. A segunda também. Na terceira eu comecei a duvidar que você existia de verdade e na Quarta eu apenas entendi que você não tinha muito tempo para mim mas que apareceria logo que pudesse tipo como a Margareth do 414 quando passa lá em casa para roubar algum kg de alimento não perecível porque esqueceu de passar no supermercado na semana anterior.
Foi de cansar ficar te procurando que eu resolvi mudar a minha vida totalmente no dia 28 de Julho de 2008. E isso significava exclusivamente terminar um relacionamento de quatro anos. Que tinha tudo para dar certo.
A carta era mais ou menos assim...
Você me amava, eu te amava e a gente se entendia assim. E a gente se entendia tão bem que chegou uma época que nos colocávamos tanto no lugar do outro que as brigas acabaram. Mas quando o sexo após as brigas parou a gente começou a duvidar se aquilo era uma coisa boa mesmo. A gente já tinha transado muito na vida, que diferença faria ficar um tempinho sem, né?. Ai virou um tempão. Até que a gente começou a brigar por causa disso. Mas só porque estava no script, já que no fundo não é como se a gente fizesse questão, não é como se a gente ainda tivesse tesão no outro ainda, sabe.
Mas é difícil ter tesão na outra pessoa quando você perde o tesão pela vida. E foi o que eu disse para mim no dia 28 de Julho de 2008. Não era você. Tá, eu sei que o mundo está cansado dessas desculpinhas mas não era você mesmo. O problema era eu. Eu juro que o problema era eu. Há de se ter um problema quando você não sente vontade de levantar, se arrumar ou mesmo sair com quem você supostamente ama e eu amo muito você.
E eu tinha uma caixa imensa de maquiagem que tinha custado quase todos os meus bônus dos últimos empregos não é como se eu não fosse vaidosa. É só que passar um gloss na boca não parecia mais fazer sentido para mim. Ficar bonita para que, para quem? Me arrumar para você? Você já me amava mesmo. Eu não tinha conquistado nada na vida. Eu já havia passado dos vinte anos e não tinha conquistado nada na vida.
Você já tava encaminhado, né. Mestrado, um projeto aceito na Alemanha. Eu gostaria de ser aquelas mulheres que acompanham seus homens e ficam felizes em suas realizações. Eu estou feliz por você, claro. Mas eu nunca fui esse tipo de mulher que apenas se realiza na vida de outra pessoa e não se importa de não ter realizado nada. Eu me importo. E você sabe disso. Você sabe disso porque foi exatamente isso que fez você se apaixonar por mim, eu lembro quando você me falou naquele jantar em Fortaleza aquela vez. Você sorriu e completou: eu quero passar o resto da minha vida com você.
A gente só não sabia que a vida ia fazer isso com a gente, né?
Foi maravilhoso nosso relacionamento e você sabe que eu nunca vou poder reclamar disso. Eu iria com você para Alemanha, eu seria uma excelente esposa e criaria nossos filhos no país que você quisesse. Mas eu nunca seria feliz. E consequentemente eu não faria você feliz. E, de novo, não é você. Sou eu. Eu não conseguiria carregando tudo isso que eu carrego junto de mim. É um fardo e eu apenas tenho que lidar com ele sozinha e dessa vez eu digo literalmente.
Você sabe que eu odeio despedidas. Eu deixei de assistir a última temporada daquele meu seriado preferido apenas porque não tinha coragem de dizer adeus praqueles personagens e pras histórias envolvidas que me envolveram por cinco longos anos. Principalmente na época em que estava dando muita enchente por aqui e ficar no pc estava tomando quase todas as minhas férias mas eu já to mudando de assunto de novo.
Eu odeio despedidas. E é por isso que quando você tiver lendo isso eu já vou ter ido embora. Não vou dizer para onde porque não quero que você caia na besteira de achar que deve vir atrás de mim. Eu não quero que você venha atrás de mim, não agora. Talvez um dia a gente se encontre talvez nunca mais. Talvez você nunca me perdoe e você não sabe agora mas eu to fazendo isso por mim. Na base do egoísmo mesmo.
Você indo para Alemanha conquistar e passar pela melhor época da sua vida e eu to largando você. Não é maldade, é inveja. Não do tipo que quer teu mal mas do tipo que quer o mesmo para mim. Algumas pessoas usam de eufemismos como "admiração", né? Mas é pura inveja mesma.
Eu escolhi o dia 28 de Julho porque foi o dia que você me pediu em noivado. E agora o que está em jogo aqui não é mais o que a vida vai fazer da gente e sim o que a gente vai fazer dela.
Bjs,
Carmem
Já faz um tempo desde que eu desisti de você.
No começo a gente costumava se encontrar mais vezes, embora você tenha sido bem ausente na minha adolescência. Eu chamava por você mas de alguma forma você virava o rosto e seguia com seus planos como se não tivéssemos algum combinado ou mesmo sido apresentadas antes. A primeira vez que me apaixonei você estava lá. A segunda também. Na terceira eu comecei a duvidar que você existia de verdade e na Quarta eu apenas entendi que você não tinha muito tempo para mim mas que apareceria logo que pudesse tipo como a Margareth do 414 quando passa lá em casa para roubar algum kg de alimento não perecível porque esqueceu de passar no supermercado na semana anterior.
Foi de cansar ficar te procurando que eu resolvi mudar a minha vida totalmente no dia 28 de Julho de 2008. E isso significava exclusivamente terminar um relacionamento de quatro anos. Que tinha tudo para dar certo.
A carta era mais ou menos assim...
Você me amava, eu te amava e a gente se entendia assim. E a gente se entendia tão bem que chegou uma época que nos colocávamos tanto no lugar do outro que as brigas acabaram. Mas quando o sexo após as brigas parou a gente começou a duvidar se aquilo era uma coisa boa mesmo. A gente já tinha transado muito na vida, que diferença faria ficar um tempinho sem, né?. Ai virou um tempão. Até que a gente começou a brigar por causa disso. Mas só porque estava no script, já que no fundo não é como se a gente fizesse questão, não é como se a gente ainda tivesse tesão no outro ainda, sabe.
Mas é difícil ter tesão na outra pessoa quando você perde o tesão pela vida. E foi o que eu disse para mim no dia 28 de Julho de 2008. Não era você. Tá, eu sei que o mundo está cansado dessas desculpinhas mas não era você mesmo. O problema era eu. Eu juro que o problema era eu. Há de se ter um problema quando você não sente vontade de levantar, se arrumar ou mesmo sair com quem você supostamente ama e eu amo muito você.
E eu tinha uma caixa imensa de maquiagem que tinha custado quase todos os meus bônus dos últimos empregos não é como se eu não fosse vaidosa. É só que passar um gloss na boca não parecia mais fazer sentido para mim. Ficar bonita para que, para quem? Me arrumar para você? Você já me amava mesmo. Eu não tinha conquistado nada na vida. Eu já havia passado dos vinte anos e não tinha conquistado nada na vida.
Você já tava encaminhado, né. Mestrado, um projeto aceito na Alemanha. Eu gostaria de ser aquelas mulheres que acompanham seus homens e ficam felizes em suas realizações. Eu estou feliz por você, claro. Mas eu nunca fui esse tipo de mulher que apenas se realiza na vida de outra pessoa e não se importa de não ter realizado nada. Eu me importo. E você sabe disso. Você sabe disso porque foi exatamente isso que fez você se apaixonar por mim, eu lembro quando você me falou naquele jantar em Fortaleza aquela vez. Você sorriu e completou: eu quero passar o resto da minha vida com você.
A gente só não sabia que a vida ia fazer isso com a gente, né?
Foi maravilhoso nosso relacionamento e você sabe que eu nunca vou poder reclamar disso. Eu iria com você para Alemanha, eu seria uma excelente esposa e criaria nossos filhos no país que você quisesse. Mas eu nunca seria feliz. E consequentemente eu não faria você feliz. E, de novo, não é você. Sou eu. Eu não conseguiria carregando tudo isso que eu carrego junto de mim. É um fardo e eu apenas tenho que lidar com ele sozinha e dessa vez eu digo literalmente.
Você sabe que eu odeio despedidas. Eu deixei de assistir a última temporada daquele meu seriado preferido apenas porque não tinha coragem de dizer adeus praqueles personagens e pras histórias envolvidas que me envolveram por cinco longos anos. Principalmente na época em que estava dando muita enchente por aqui e ficar no pc estava tomando quase todas as minhas férias mas eu já to mudando de assunto de novo.
Eu odeio despedidas. E é por isso que quando você tiver lendo isso eu já vou ter ido embora. Não vou dizer para onde porque não quero que você caia na besteira de achar que deve vir atrás de mim. Eu não quero que você venha atrás de mim, não agora. Talvez um dia a gente se encontre talvez nunca mais. Talvez você nunca me perdoe e você não sabe agora mas eu to fazendo isso por mim. Na base do egoísmo mesmo.
Você indo para Alemanha conquistar e passar pela melhor época da sua vida e eu to largando você. Não é maldade, é inveja. Não do tipo que quer teu mal mas do tipo que quer o mesmo para mim. Algumas pessoas usam de eufemismos como "admiração", né? Mas é pura inveja mesma.
Eu escolhi o dia 28 de Julho porque foi o dia que você me pediu em noivado. E agora o que está em jogo aqui não é mais o que a vida vai fazer da gente e sim o que a gente vai fazer dela.
Bjs,
Carmem
3 comentários:
Deixa de bobagem e trate de assistir a sexta temporada de Lost logo de uma vez ...
Exatamente o que eu precisava ler.
desenvolve o conceito de "realizar-se"?
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