18 de ago. de 2006

Bala perdida

Abriu a bala devagar enquanto a professora cuspia uma centena de explicações a respeito do exercício anterior. A menina trouxera cinco de banana e 1 de morango porque este último era o seu sabor preferido. A superfície branca da cadeira denunciava o papel que ela acabara de jogar na carteira da frente, que estava vazia porque o dono tinha ido tomar água. Sem levantar suspeitas, a menina pegou o papel e colocou dentro da mochila de um aluno qualquer. A professora, de costas, não era cúmplice de ninguém.

(...)

- Filho, como foi a escola hoje? Ponha suas coisas na mesa e vá lavar as mãos pra almoçar.
- Está bem, mamãe.

Ela começou a mexer, como sempre fazia, procurando algo que pudesse desmascará-lo. Pela primeira vez ela descobriu 2 papéis de bala, de sabor banana e de sabor morango na mochila do filho. Ela tinha dado uma chance a ele , mas ele tinha desperdiçado. Agora ela esperava ele voltar do banheiro. A medida que os passos estavam mais perto, o pulso e o coração da mãe doíam. Levantou a mão de supetão e deu três ou quatro facadas profundas até sentir o sangue diabético do pecado que parira 15 anos atrás escorrer pelas suas mãos.

6 comentários:

Anônimo disse...

nosssa, tava ficando nervoso conforme ia chegando perto do final. ainda bem que não era nada demais. rsss

Anônimo disse...

Chocking!!

R disse...

Surpreendente! Desanestesiante!Forte como insulina! Mais dolorido que bezentacil!


Beijos!!

REMO.

Anônimo disse...

Manchete de jornal do Rio de Janeiro do dia seguinte:

Balas perdidas matam mais um adolescente na cidade maravilhosa.

Triste :(.

Rodrigo Huagha disse...

bom! muito bom!

Sick disse...

QUe isso?Histórias evangélicas?
Gostei...gostei...